quarta-feira, dezembro 15, 2010

Pensalamentos emprestados #1

"Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
"


(Luís de Camões, "Os Lusíadas", Canto X, estância 145, versos 1 a 4)

3 comentários:

Manuel Poppe disse...

Pois até o Camões desesperava. Mas enganava-se o poeta: nem todas as pessoas são surdas, mesquinhas e safadas. Para essas temos o dever de falar.

Daniel Rocha disse...

Caro Manuel,
sabe que há alturas em que o desânimo é total. Perante a decadente e voluntária absurdeza das pessoas, perante o desprezo pelo trabalho do "magister" (quanto o tenho sentido!), sentimo-nos por vezes ultrajados e mesmo violados em sustentar crenças. A sociedade parece querer o que há de pior e não tem vontade de seguir quem a quer tentar salvar. Daí que por vezes me sinto como este Camões que, desesperado, grita!

Manuel Poppe disse...

A sociedade depende de si, mas "nasce e cresce" condicionada pelos aleijões que lhe fizeram nascer e crescer... Somos oitocentos anos em que o obscurantismo, a corrupção, o roubo, a incultura imperaram. 37 anos de democracia, depois de 50 de obacurantismo criminoso, não chegaram para abrir os olhos de cabeças amolgadas. Tendo presente que muito cedo gentge desonesta, políticos-merceeiros, caciques sem moral, quadrilheiros ao seriço das classes privilegiadas, desviou a política da meta a que apontava o 25 de Abril. Mas a meta continua lá e depende de nós atingi-la ou não.