quinta-feira, janeiro 09, 2014

Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de... Pedro Cardoso


O ano 2013 terminou, passou, já não pode ser alterado. Agora pertence à História. Foi um ano marcado por acontecimentos e personalidades que importa destacar. No plano mundial a tomada de posse de Barack Obama para o seu segundo mandato dá tranquilidade ao mundo. Os perigosos e muitas vezes ignorantes extremistas da política americana continuam afastados da presidência dos Estados Unidos da América. A Coreia do Norte com o seu peculiar regime “comunista” de absolutismo monárquico, com o seu jovem líder em fase de cruel afirmação, continua a ser uma ameaça (nuclear) para a comunidade internacional e uma sentença para os seus pobres habitantes. A abdicação do Papa Bento XVI e a eleição do cardeal argentino Jorge Bergoglio como Papa Francisco também merece destaque. A novidade de um Papa que quer ser mais coerente e fiel a determinados princípios cristãos é algo que devia fazer reflectir os católicos de todo o mundo. A instabilidade no Norte de África e no Médio Oriente continua (guerra na Síria, golpe de Estado e conflitos no Egipto), apesar do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irão trazer alguma esperança de pacificação. Malala Yousafzai, de 16 anos, entre outros prémios recebeu o Prémio Sakharov para os direitos humanos atribuído pelo Parlamento Europeu pela sua coragem e luta em prol da educação das raparigas no Paquistão. A adesão da Croácia à União Europeia, mostra que apesar da crise a construção europeia continua a ser uma referência para muitos países. Algumas personalidades de relevo que faleceram em 2013: a morte de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que goste-se ou não do estilo e dos objectivos marcou a história da Venezuela; a morte da ex-primeira-ministra britânica Margaret Tatcher, uma das artífices e impulsionadora da ordem económica e financeira em que vivemos actualmente; a morte da escritora britânica Doris Lessing, Prémio Nobel da Literatura de 2007; e a morte de Nelson Mandela, uma referência ética para toda a humanidade, herói da luta contra a segregação racial na África do Sul e primeiro presidente a ser eleito democraticamente neste país. 
Em Portugal continuou o empobrecimento colectivo (exceptuando os mais ricos que aumentaram as suas fortunas) e a política de subjugação aos interesses dos bancos internacionais. A crise na coligação governamental, originada pela demissão “irrevogável” e regresso com poderes reforçados de Paulo Portas. A produção regular de leis e medidas declaradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional revela um governo que em vez de XIX Governo Constitucional, talvez merecesse ser designado nos livros de História como o I Governo Inconstitucional da Terceira República Portuguesa. Na literatura o falecimento do escritor Urbano Tavares Rodrigues e do poeta António Ramos Rosa são perdas a destacar para a lusofonia. No futebol a selecção portuguesa conseguiu o apuramento para o Mundial 2014 no Brasil, o Futebol Clube do Porto conquistou o tri-campeonato nacional e o Sport Lisboa e Benfica que ao perder mais uma final europeia (sétima derrota consecutiva em finais de competições europeias) ainda não se libertou da maldição Béla Guttmann. 
Na Guarda em ano de eleições autárquicas importa referir a derrota histórica do Partido Socialista que pela primeira vez perdeu a Câmara Municipal da Guarda, a tentativa frustrada de um movimento intitulado “A Guarda Primeiro” se apresentar a eleições e a vitória de uma coligação de direita encabeçada pelo ex-Secretário de Estado da Agricultura de Cavaco Silva e ex-presidente da Câmara Municipal de Gouveia, Álvaro Amaro, que viu a sua candidatura validada pelo Tribunal Constitucional depois de chumbada pelo Tribunal da Guarda. Muito mais podia ser dito mas termino com a interrogação: 2014 novo, vida nova? Será 2014 um ano de importantes transformações tanto individuais como colectivas?
(texto anteriormente publicado no jornal Terras da Beira - 2/1/2014) 
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Pedro Cardoso é doutorando na Universidade de Lisboa. Olha para a Guarda (de onde é natural) com vontade de a modificar, uma vez que é investigador na área das alterações climáticas e políticas de desenvolvimento sustentável.

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