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sexta-feira, janeiro 18, 2013

Este país é uma anedota #4

PSP usa gás pimenta com alunos de uma escola de Braga que se manifestavam contra a decisão de agrupar a sua escola com outras do concelho de Braga. Parece que, para não baterem nos miúdos, decidiram encher-lhes a cara com gás pimenta, provocando a hospitalização de um deles. Chegámos ao ponto em que a primeira resposta é violenta e a segunda também. Seria difícil negociar com os manifestantes? Se calhar não se negoceia com terroristas, mesmo que portugueses, que defendem a sua escola e que têm entre 12 e 17 anos. Mas nada disto me surpreende! A resposta da polícia está de acordo com o que parece existir por estes dias pelas estradas e cidades de Portugal: os cães andam havidos de sangue! Ao que parece, pelo número de radares e de acções fotográficas que andam a aparecer pelas ruas das cidades e aldeias de Portugal, a polícia anda a fazer o serviço sujo e a comportar-se como a PIDE. Agora já não zelam pela ordem pública! Andam sim à busca de alguém que se desleixe ou que, face às urgências que a vida tem, ultrapasse a velocidade em rectas com visibilidades extremas. Viva a polícia! Viva o país cheio de grilhetas! Viva Salazar e esta sua nova prole! Viva esta anedota de país!

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Repentes #15 - Ironias

Foto: Público
E quando já todos estamos fartos de uma certa mulher baixinha e alemã que por estes dias parece ter perdido a voz, eis que surge um alemão que, mais aberto para a realidade do que os nossos políticos deificados, desce as escadarias da Assembleia da República para falar com manifestantes portugueses. A notícia pode ser lida aqui e demonstra bem aquilo que se passa em Portugal: o povo só fala com enviados estrangeiros, porque os nossos governantes preferem passar ao lado do diálogo! E a ironia é completa quando é um alemão a admitir que Portugal está demasiado envolto em austeridade. Ironia ainda: Passos Coelho diz que as vozes europeias têm de se ouvir umas às outras. Para quem o diálogo se reduz a "paguem e não estrebuchem", o homem até que está bastante democrático.  

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Repentes #14 - Sobretaxa no IRS



Caro Gaspar, ao que parece, o pagamento dos subsídios de Férias e de Natal dissolvidos nos ordenados dos próximos 12 meses servirá para "amenizar" o impacto que a sobretaxa sobre o IRS vai ter ao nível do dinheiro disponível para as famílias. Pois bem, não concordando com essa sobretaxa ao nível dos ordenados mais baixos, penso que a estratégia de engenharia criativa que é proposta não é totalmente errada. 
Agora, o mais curioso é que essa sobretaxa é também aplicada a quem não tem subsídios de Férias e de Natal. Explica-me lá, como tu sabes bem fazer, muito devagarinho como é que vai ser "amenizado" esse impacto nos orçamentos familiares que só têm rendimentos durante 12 meses ou menos e não têm esses subsídios
Sim, estou a trabalhar a recibos verdes e gostava de saber o que sugeres, Gasparzinho!

quarta-feira, agosto 29, 2012

Quem quer ser a Vera Pereira? (2) - O que acontece, também, na Guarda

As desculpas de quem comete as ilegalidades (entendam-se estas ilegalidades como algo que toda a gente sabe que nunca deverias ser permitido) permitidas por lei e por cada rei são sempre alicerçadas no comum, na normalidade e naquilo que todos os outros já fizeram e que, por isso, é assumido como algo que deve ser feito. Claro está que há um condimento que não é do conhecimento desta espécie de gente séria que controlam o emprego em Portugal, até na contratação do estado, que se chama VERGONHA!
Digo isto porque, e quem conhece as regras de procura de emprego de um qualquer comum desempregado, toda a gente que faz candidaturas a ofertas, como esta para a Vera Pereira, perde tempo e dinheiro (que vai escasseando) a efectuá-las e caso as não faça perde o direito a receber o correspondente subsídio de desemprego.
Logo, porque razão pedimos às pessoas que façam as suas candidaturas a ofertas de emprego que, como é comum acontecer, já têm um candidato preferencial e único? Porque é que continuamos a criar falsas expectativas sobre ofertas de emprego a pessoas que não são recomendadas por alguém? Porque é que não assumimos, como tantos fazem, a contratação preferencial sem recorrer à artimanha de um suposto concurso aberto a todos? Porque é que, e a vergonha absoluta está aqui, continuamos a dizer às pessoas que em Portugal todos têm as mesmas oportunidades, sendo iguais nos direitos e nos deveres, e depois lhes dizemos que não adianta o esforço porque tudo isto (esta treta de país) está a saque pelos supostos organizadores políticos?
Sim, concordo com quem diz que isto só lá irá à bomba e aos tiros!

P.S. - Vera Pereira, lembra-te: és a face da vergonha!

terça-feira, agosto 28, 2012

Quem quer ser a Vera Pereira?

Sem palavras!
Ou melhor: tantas Veras Pereiras que andam por aí!
Agora sim, sem palavras!

Nota: Nova Guarda

Ao que parece, o "Nova Guarda" está a bombar por aí!
Este Pravda guardense (assumindo o período negro da história deste histórico jornal soviético) voltará com novas palavras de ordem e com nova equipa para uma história velha e relha.
Ponto importante e decisivo deste "regresso": vem mesmo a tempo das fantásticas discussões eleitorais! Vamos ver quem lançará como o candidato que será o sebastião prometido aos cidadãos guardenses.
Estou ansioso!

quinta-feira, agosto 23, 2012

Motivo de chacota ou uma visionária?


Tenho para mim que a Senhora Cecília teve uma epifania quando tentou a restauração deste quadro. Se pensarmos que os valores da época em que se pintou o quadro eram valiosos e solidários, nos dias que correm estamos perante um assalto constante por parte de falsos profetas da solidariedade. Daí que antes era Cristo e agora a dona Cecília dá-nos o "ladrão com uma meia que esconde a cara"!

P.S.- Não tive qualquer intenção de fazer crítica religiosa mas, sim, crítica política e partidária!

sábado, maio 26, 2012

Guarda decrépita

Tenho uma opinião muito própria sobre a forma como funcionam determinadas instituições. Tenho para mim que eles lá se "cozem" como quiserem e como lhes der quotidianamente na real gana, mas tenho que discordar de algumas dessas formas de funcionamento, nem que seja só em "vazio". E isto tudo porquê? Bem, li algures a citação de uma determinada figura que dizia que outra determinada figura "representa bem os ideais" de uma determinada instituição. É claro que o determinismo (de Claude Bernard) responde a isto de forma muito concreta e clara, logo, se a outra determinada figura tem traços de pau-mandado, interesseiro, manipulador e traiçoeiro e "representa bem os ideais" de uma determinada instituição, isto quer dizer que uma determinada instituição é conhecida por ser um pau-mandado, interesseira, manipuladora e traiçoeira.
Em conclusão, a Guarda está a aproximar-se daquilo que nunca pensei que alguma vez fosse: um mau sítio para viver, educar, trabalhar e criar!

sexta-feira, maio 18, 2012

Sim, sou ingénuo!

E eu a pensar que havia, ao menos, um presidente de câmara que não se dava com malandros. Sim, sou ingénuo! Já sei em que não votar numa das próximas eleições.

quinta-feira, abril 05, 2012

Repentes #8 - Reformem as asneiras!

E viva a continuação do disparate! Não bastava obrigarem as pessoas a ter de aturar os cortes e outras safadezas que se passam no sector público, e agora obrigam-nas a não poderem optar pelo direito de escolher se querem ou não reformar-se mais cedo (conscientes que estão as pessoas de que serão bem penalizadas!". É um ultraje às pessoas que já deram muito de si e um verdadeiro ataque à qualidade dos serviços! Já viram alguém a fazer um bom trabalho quando está a ser contrariado?
Cheira-me que com este "remédio" de não permitir aposentações até 2014, os cérebros do Governo vão conseguir arranjar um "veneno" ainda mais desagradável - alguns milhares de baixas por longo tempo!
Já agora um desabafo: ainda bem que a Assunção Esteves e outros de igual valia já estavam reformados antes deste Governo! Já viram o que era se tivessem mesmo de trabalhar?

quinta-feira, março 15, 2012

Repentes #6 - Pobre Público

Ao que parece, tudo aquilo que não produz, mecanicamente, algum tipo de substância prontamente empacotada e enviada para o centro comercial mais próximo de si é para cortar e depressa! Revejo-me completamente nesta opinião de Manuel Poppe, que tem lutado imenso contra o aparvalhamento e a incultura nacional, e, ironicamente, acrescento: se isto da educação é uma merda e não vale de nada, porque deixam, os senhores que escrevem tais aberrações, os vossos filhos na escola? Sim, quem tem filhos mais pequenos, porque os deixa, também, no Jardim de Infância? É que lá os trabalhadores passam o dia a olhar pelas crianças e não produzem "nada"!
Enfim, pena que um jornal de referência nacional se dê à venda da sua integridade, reconhecida pelos leitores, em troca de uma qualquer "sopradela de ouvido". Já aqui salientei o serviço público que prestou à educação e ao país quando trouxe perguntas pertinentes para a praça pública e nos mostrou a fraca visão dos nossos governantes, mas agora teve de se curvar "aos senhores".
Parece impossível, mas nem no salazarismo a classe docente foi tão perseguida por tão ignóbil gente!

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Repentes #5 - Novo livro de Eduardo Lourenço


Eduardo Lourenço prepara-se para lançar, já nos próximos dias, um novo livro com o promissor título: "Nós e a pieguice ou como se amordaça o povo".
Segundo o autor, este livro estava já preparado há vários anos (especulam os críticos literários que foi preparado às escondidas do Estado Novo!), mas nunca mereceu vir a público porque poderia diminuir a imagem dos portugueses que foi eternizada nos Descobrimentos e, mais recentemente, na saudosa revolução dos cravos, podendo até comprometer as negociações para a venda da participação pública da EDP à multinacional chinesa "Três Bocarras".
Sabe-se que as FNAC's e Bertrand's do país têm já centenas de leitores acampados às suas portas, esperando a publicação da explicação de Lourenço para este mal que corrói o país e que impede os sucessivos Governos da República de prestarem grandes serviços aos cidadãos.
Em breve, esperamos poder apresentar uma recensão crítica sobre as principais linhas desta que pode bem ser a grande obra literária do terceiro milénio português e, também, poder apresentar a palavra que é lei de Marcelo Rebelo de Sousa acerca deste opúsculo e dos seus ecos no país profundo.

Este blogue pode já adiantar uma das frases que promete gerar mais debates e discussões acesas:
"Os Portugueses vivem em permanente altercação, tão obsessiva é neles a pieguice de não pagar impostos conscientemente e a correspondente vontade de pedir aos pais que continuem a pagar-lhes a segurança social para que eles não caiam nas garras dos tribunais, tanto quando são solteiros como depois de casados."

segunda-feira, novembro 07, 2011

Este país é uma anedota #3 ou Entre pret+o e put+a (eu cá não quero ser nem racista nem mal educado)

Depois de todos termos ficado chocados com a revelação de que Alan (jogador do Sporting de Braga) terá sido, pelo menos ele diz que sim, chamado de preto e negro pelo Javi (do Benfica), vamos ficar todos mais reconfortados por saber que a Liga se prepara para abrir um inquérito ao jogador do Benfica que "tinha a mão à frente da boca" quando segregou o jogador do Braga. Este ainda acrescentou que este jogador tinha de ter cuidado, pois o capitão e o defesa esquerdo do Benfica são pretos, assim como 70% da massa associativa! A resposta de Javi, já que estamos numa onda de ficcionalidade, a este informado jogador do Braga será "Ele chamou-me filho da puta!" e tem de ter muito cuidado pois na equipa dele... (Já estão a ver o que eu não me atrevo a dizer!)

Digam lá o que disserem, cá para mim o Alan conseguiu ler a agressão racista nos lábios do Javi enquanto se apagavam as luzes do estádio e o médio do Benfica se divertia a tomar banhos de água fria!

Continuam as "manobretas" no futebol português!

quarta-feira, novembro 02, 2011

Repentes #2

Só hoje consegui respirar fundo e falar deste repente que me deu. Não, não é assunto de vida ou de morte! Ou melhor, nem sei.
Depois de ouvir, mil vezes por minuto, os louvores a uma atitude de poupança, Paulo Portas decidiu vir aconselhar (?) os portugueses a aceitarem uma qualquer lição, aula, formação ou o que for, de poupança desde tenra idade!
Para começar, será escusado dizer que qualquer um dos elementos partidários deste país estarão fora da órbita de docentes possíveis para aquele mini-curso. Escusado será também afirmar que concordo com esta sugestão, pois é preciso que o povo saiba que é pobre e que pobre será até ao fim do mundo ou arredores!
Não sei não, mas qualquer dia voltaremos a ouvir que a governação do país não se discute e que devemos ser fortes e defender "Deus, a pátria e a família".
Para que nos andamos a preocupar com o Governo do país se ele está tão bem entregue?

quarta-feira, outubro 12, 2011

Este país é uma anedota #2

É impressionante como a justiça deste país actua! Não é que vão agora julgar e processar uns poucos de jogadores de futebol que agrediram dois seguranças que estavam a trabalhar? É impressionante! Onde está o respeito pela total impunidade que rege, neste país, os contratos de trabalho das super-estrelas futebolísticas e dos seus excelsos representantes? Esses dois seguranças da treta, que deviam ter vergonha de estar no mesmo espaço dos meninos ricos e que deviam ter vergonha de ganhar a miséria que ganham, nem sequer deviam ter apresentado queixa, pois assim, talvez, tudo passasse como habitualmente se passa: "os ricos, bonitos e que jogam bem" (em qualquer quadrante da "xuxalight" portuguesa) estão imunes ao vírus da aplicação da justiça e do respeito pelas leis do estado!

Em Portugal não pode haver uma só lei soberana porque vai sempre ser considerada defensiva de uns e opressiva de outros! Raios!, já me tinham dito que era difícil acusar alguém negligente, mas nunca me tinham dito que era impossível que alguém realmente culpado fosse condenado.

Como dizia o outro: "Seguranças para enfardar há muitos, senhor Juiz!"

quarta-feira, setembro 14, 2011

"É antipedagógico!": gritam alguns algures


(Reportagem da TVI, aqui colocada com todo o respeito pelos direitos de autor.)

Conheço uns tipos que ficariam com os "cabelos em pé" por causa desta tua pedagogia, Clarisse!

Onde já se viu, professores de Português a usarem e a permitirem que os alunos tenham os computadores ligados na sala de aula!? Impressionante! Não sabes que os professores de Português devem ensinar a ler e a escrever!?

Ah!, Clarisse, Clarisse!

Já agora, beijos para a família e deixa-te lá de modernices!

terça-feira, setembro 13, 2011

Cartão Pedinte




Depois de me dar conta dos sucessivos e sem conta descontos que este Governo anda a dar aos pobres e desfavorecidos, decidi lançar esta ideia: vamos fazer um Cartão Pedinte, pessoal e intransmissível.

Só há vantagens:

1 - para o Governo: os pobres que são pobres ficam a fazer parte de uma lista onde não entra mais ninguém, logo podendo as taxas ser mais convenientemente aplicadas a quem não fizer parte do grupo;
2 - para a oposição: podem socorrer-se deste grupo para fazerem manifestações a pedir mais direitos, pois são paupérrimos (os pobres, não a oposição!);
3 - para o pobre: sempre é mais um cartão de desconto a juntar aos dos hipermercados, das sapatarias, das farmácias, dos cafés, dos clubes, das gasolineiras, etc. (já não me lembro de mais!);
4 - empresas e instituições que beneficiam os pobres: ficam com uma carteira privilegiada de clientes, podendo manter uma receita, digamos, interessante.


Problemas:

1 - (único): os que são consideravelmente ricos (tipo o pobre do Amorim!) terão dificuldade em provar que são ricos, pois pelos vistos a sua declaração de IRS é do tamanho de um desempregado.


O grafismo do cartão pode basear-se na imagem que roubei não sei onde e que se encontra aí em cima.

Com o Alto-patrocínio de Suas Ex.as os Presidentes da República (todos desde o 25 de Abril).

Os patrocinadores oficiais deste Cartão de Pedinte, discriminados no próprio, serão: o Governo (qualquer um deles desde o 25 de Abril); a Assembleia da República; os Partidos Políticos; e todos os outros orgãos (não sexuais!) de teor e de nomeação política do país.

Quem apoia: GALP, REN, EDP, TAP, BRISA, SCUT, CP, METRO, CARRIS, PT e muitas outras.


Este Cartão Pedinte facilitará a vida a todas as entidades que tenham de fazer desconto aos pobres e permitirá que os seus possuidores não continuem a tirar fotocópias e a pagar autenticações e a pagar declarações, certidões, documentações, e pagar mais viagens para arranjar papéis que originem outros papéis que evitem ter de comprar outros papéis que... PUTA que pariu os papéis e mais papéis! (Percebeu-se a ideia?)

Pois bem, importante, importante é o slogan, para que a malta se sinta bem com o seu Cartão Pedinte e para que o utilize com dignidade. A minha proposta é: um homem esfarrapado e esfomeado mostra ostensivamente o Cartão Pedinte e diz (eis o slogan...) "Hoje já somos muitos, amanhã seremos mais!", e depois mostra um sorriso aos bocados. Bom, não é?



P.S. - Digam ao Gaspacho das Finanças que pode começar a ser austero (e a dizê-lo aos Comparsas Europeus) com a sua própria conta, pois a minha já não dá mais nada.

sexta-feira, setembro 02, 2011

quinta-feira, julho 07, 2011

A minha leitura (breve) sobre o "rating" de Portugal e as políticas económicas europeias

Como será óbvio, eu não percebo nada de economia (ainda continuo sem perceber o milagre da multimultiplicação dos juros a pagar ao empréstimo da "santíssima trindade"), mas quero dizer duas ou três coisas sobre o assunto:

1.º - Está mais do que visto que a Alemanha está a lucrar com a "austeridade" que exige que haja em relação aos países "à rasca";

2.º - Já não é a Alemanha que controla a Europa mas sim as agências de "rating" americanas;

3.º - Uma vez que a prostituição de Portugal junto dos outros países não tem dado resultado nenhum, exijo que o nosso país passe a usar um cinto de castidade e exijo também que a chave se perca no fundo do oceano Atlântico! Porquê? Não repararam que passam a vida a F***R-nos e já nem pedem licença?


Para além desta minha leitura tão bem concebida, pretendo que a Europa repare na enternecedora mensagem subliminar que nestes novos dias é transmitida a partir da Assembleia da República. Ainda não repararam em nada? E que tal se repararem na estratégica junção ou emparelhamento entre a Ministra da Agricultura e do Ministro da Educação! Estará em preparação uma nova estratégia de recuperação de alunos? Ou uma nova política europeia de incentivo ao cultivo de nabos?

segunda-feira, maio 02, 2011

"Olhai vós bem que este sam eu!": Estes deputados! Ai!, estes deputados!



"Oriundo de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, o candidato socialista assume-se como um «beirão da Beira Serra» e «apesar de não ter nascido no distrito, a verdade é que fiz e ainda faço boa parte da minha vida aqui no distrito»."
in O Interior


Hoje, O Interior fez-me lembrar um textinho de Miguel Torga que integra o livro "Portugal". Miguel Torga é um homem de raízes, sendo um transmontano de gema. Daí que a alusão deste a Gil Vicente no texto intitulado "A Beira" me pareça tremendamente actual. Assim que li esta alusão ao novel deputado, lembrei-me que todos podemos ser deputados por Coimbra, pois todos vamos lá a consultas médicas ou, de quando em vez, ver um jogo de futebol. Lembrei-me, ainda, da seguinte passagem daquela maravilhosa Beira de Torga:

"Gil Vicente, que da realidade nacional sabia mais do que os próprios donos da pátria, fala assim no Juiz da Beira:

Olhai vós bem que este sam eu
Homem de boa-ventura,
Empacho nunca me atura
E hei-de dizer o meu
Como qualquer criatura.

É claro que o poeta não estava a fazer geografia humana quando divertia suas majestades, e por isso carregava para onde o gracioso pedia. Mas o bom senso de Pêro Marques é uma obra-prima de observação, e o primeiro verso da farsa é lapidar, e define o nosso homem de cima a baixo.

Olhai vós bem que este sam eu!

Teimoso como um Sísifo voluntário, nenhuma mudez original é capaz de o impedir de tornar audível o que esta afirmação promete de tenacidade, concentração, serenidade e consciência de si. Ou não estivesse a serra por detrás dos seus gestos! Medieval e tosco na capela dos Ferreiros, em Oliveira do Hospital, ajoelhado e renascido em Góis, fidalgo descobridor em Belmonte, viajante na Covilhã, guerrilheiro em Midões, pastor e camponês em toda a parte, ninguém o pode ignorar, porque ele desce a viseira, ergue as mãos, iça a vela, caminha, aponta a carabina, levanta a enxada ou maneja o cajado, e grita:

Olhai vós bem que este sam eu!"

E confirmo que ele é mesmo "Beirão", pelo menos no sentir de Torga. Daí que não é um "Beirão da beira serra"! Não descurando em Miguel Torga ou na competência deste novel deputado em ler textos sobre o Portugal de há 50 anos, talvez fosse bom que ele percebesse que o Beirão é um termo aplicado a quem é da Beira, tout court. Ou então esta marca identitária possuiria, obrigatoriamente, um determinativo: Beirão da Covilhã; Beirão da Guarda; Beirão da Beira Serra; Beirão de Coimbra; etc. e tal! Mas será que ao comprometer-se com este novo tipo de Beirão o Sr. Candidato a deputado estará a autoexcluir-se de algo que o Beirão, per si, possa possuir? Claro que é um termo apetecível, que desperta a cobiça e a inveja, e que atrai olhares lânguidos. O mesmo Miguel Torga diz porquê:

"Não é o brilho que o impõe, nem a honradez, nem a inteligência, nem outras qualidades que o português não tenha. É uma obstinação de caruncho, muda, modesta, inflexível, incapaz da piedade de ceder ao seu próprio cansaço. Mas essa teimosia dá-lhe o triunfo e a convicção de que só ele pode e deve conduzir os destinos da pátria inteira. Sem o dizer, sem o afirmar, o beirão sente-se dono de Portugal. Cingido até fisicamente às estremas da sua courela, herda, contudo, o sentido absorvente e centrípeto da mãe. E vá de inventar uma Beira transmontana, uma Beira alentejana, uma Beira estremenha e uma Beira Litoral, enquanto não se lembra de arquitectar uma Beira minhota e outra algarvia. Não há casal, dos inúmeros que se espalham pela serra fora como pequenos rebanhos de ovelhas, onde não tenha nascido um desses homens sem brilho, apagados e humildes, que começam a tocar pífaro sobre uma lapa, e que às duas por três estão no Terreiro do Paço de aguilhada na mão."

Daqui que compreendo as pretensões de quem, não querendo ser "paraquedista", tem de justificar o porquê de ter vindo de "limousine" com lugar marcado no "charter" com destino ao Terreiro do Paço e querer usufruir dos direitos de voar (não em executiva) em executiva-beirã.