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segunda-feira, março 14, 2016

Dia 21 de Março: Dia Mundial da Poesia



A Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço comemora o "Dia Mundial da Poesia", dia 21 de março, às 21h30, com um encontro de poetas da cidade.
Trata-se de um momento de leitura de poemas pelos autores e de uma conversa, conduzida por Joaquim Igreja, sobre a poesia e a criação literária.
O encontro está marcado para as 21h30 do dia 21 de março, e contará com a participação dos poetas Daniel Rocha, José Monteiro, Américo Rodrigues, António Godinho, Susana Celina, João Rebocho, João Mendes Rosa, António Sá Rodrigues, Susana Campos, Alexandre Gonçalves, Ana Monteiro e Maria Afonso, entre outros.
Associe-se a esta comemoração!

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Mercado de Natal, em Belmonte, no dia 23/12



Quarta-feira, dia 23, estou no Mercado de Natal, em Belmonte, para ler um conto e mostrar alguns dos meus livros. Às 17horas!
Vejo-vos por lá!

terça-feira, setembro 22, 2015

2.ª edição do opúsculo "O Convento"


Título: O Convento
Autor: Daniel António Neto Rocha
Posfácio: Honorato Esteves
Revisão: Eunice Lopes 
Edição: de Autor com o apoio da Freguesia de Famalicão da Serra
Número de Edição: 2.ª (1.ª Edição em Janeiro de 2014)
Páginas: 24

Design da Capa: Edgar Silva
Desenho na Capa: "A Procissão", de Jaime Alberto Couto Ferreira

Tiragem: 500 exemplares

No próximo dia 27 de Setembro de 2015, em Famalicão da Serra, será colocada à venda a 2.ª edição do opúsculo O Convento, de Daniel António Neto Rocha.

Esta segunda edição do conto baseado na Lenda do Senhor Bom Jesus tem o apoio da Junta de Freguesia de Famalicão da Serra.

A capa desta nova edição tem design de Edgar Silva sobre o desenho “Procissão” de Jaime Alberto do Couto Ferreira (pintor, escritor e professor universitário natural de Famalicão) e Posfácio da autoria de Honorato Esteves (professor e autarca natural de Famalicão).

O Convento custará 5 euros e a sua venda será efectuada em Famalicão, na Guarda (BMEL e alguns quiosques) e através do endereço electrónico silenciosasdiscussoes@gmail.com .





Sinopse

O Convento



O Convento é um conto escrito com a lenda primordial da construção do Convento do Bom Jesus de Famalicão (para muitos será de Valhelhas). A história é simples e baseia-se nessa lenda do aparecimento de uma misteriosa imagem que dá início a um culto que perdura nos dias de hoje (a Lenda do Bom Jesus). O que o autor fez foi criar uma história/acção que irá culminar com o levantamento das paredes deste impressionante edifício que, infelizmente, padece de abandono crítico.

No entanto, o conto O Convento não segue a lenda! Ou melhor, o conto vive para além da lenda, podendo, de certa forma, criar alguma discussão sobre as diferenças que o leitor poderá por ali encontrar. Mas uma história é isso mesmo: olhar para lá das paredes da lenda e recriá-la!

É, acima de tudo, uma história que possui uma linguagem simples e clara para todos, ao mesmo tempo que explora e expõe algumas das querelas típicas de um povo.



Autor

Daniel António Neto Rocha (1982)



Nasceu na Guarda, mas foi em Famalicão da Serra que cresceu. Com uma Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, e com um Curso de Especialização em Ensino de Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS), da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), é professor no Instituto de Gouveia – Escola Profissional, onde lecciona a disciplina de Português.

Nos últimos anos tem publicado e produzido com alguma regularidade. Publicou em 2012 o livro de poesia Refracções em três andamentos (Edição de Autor), tendo ainda, ao longo dos anos, publicado vários poemas em várias revistas nacionais e internacionais: na Revista Praça Velha (Guarda), na Revista Via Latina (Coimbra) e na Quinqué Revista Independiente (Casa Xitla, México), onde também está traduzido para a Língua Espanhola. Em Novembro de 2014 publicou o seu segundo livro de poesia Tenho uma pedra na cabeça no lado esquerdo anterior frontal ou nada disto (Edição de Autor). No campo teatral, foi autor dos textos do Julgamento e Morte do Galo do Entrudo 2012 e dos textos do Julgamento e Morte do Galo do Entrudo 2011, este último em colaboração, ambos editados pela Câmara Municipal da Guarda (CMG) na Colecção Fio da Memória, e é autor da peça para teatro, publicada e representada pelo Teatro do Imaginário – Grupo de Amigos do Manigoto, A Casa da Memória (2013). Para além destas obras teatrais já publicadas, devem destacar-se as peças: Um Outro Fim (apresentada no Teatro Municipal da Guarda em Março de 2013); O Juízo das Casas (apresentada em Março de 2014 em Pinhel durante a Feira das Tradições); Visita encenada ao Juízo (apresentada em Junho de 2014 na aldeia do Juízo – Pinhel); O Bem e o Mal (adaptação da obra de Camilo Castelo Branco, apresentada sumariamente em Agosto de 2014 em Pinhel e com estreia integral em Dezembro de 2014); Julgamento e Morte do Galo do Entrudo 2015 – In taberna quando sumus (escrita para a Câmara Municipal da Guarda); e História Breve de Pinhel em Um Acto (apresentado na celebração dos 245 anos da cidade de Pinhel). Para além do trabalho como dramaturgo, tem também efectuado vários trabalhos de encenação e de representação. Ao nível do texto narrativo, publicou em 2014 a primeira edição (100 exemplares) do opúsculo O convento, tendo em Setembro de 2015 lançado a 2.ª edição. Tem ainda publicado artigos, ensaios, recensões e crónicas em várias publicações, boletins e catálogos.

Publicou em Abril de 2015, no dia 30, o livro Bloemlezing 7+7+1, uma antologia de poemas traduzidos para holandês, numa edição bilingue com apenas 33 exemplares, com a particularidade de todos os exemplares terem capas diferentes pintadas manualmente pelo pintor, e também responsável pela tradução, Jos van den Hoogen.

Em colaboração com Jos van den Hoogen, tem desenvolvido um trabalho de tradução da obra do poeta holandês Lucebert para a língua portuguesa, tendo sido publicado em Maio de 2015 o opúsculo Lírios Cortados (Edição do Tradutor).

A convite do Teatro Municipal da Guarda (TMG), participou em actividades de divulgação da leitura, dos livros e da poesia, e integrou algumas produções teatrais e poéticas.

A convite da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), na Guarda, tem participado em actividades relacionadas com a leitura e os livros, nomeadamente ao nível da poesia e ao nível da divulgação de autores da Guarda, tendo sido o produtor e comissário da exposição “Manuel Poppe: os trabalhos e os dias”.

A convite da Câmara Municipal da Guarda, dinamizou nos primeiros meses de 2015 um conjunto de Oficinas de Escrita e de Encontros com o Autor junto de alunos e de escolas da cidade integrado no projecto “A Terra da Escrita”, onde figura como um dos autores em destaque juntamente com Vergílio Ferreira e Augusto Gil.

Foi colaborador da Rádio Altitude (Guarda), no espaço de opinião “Crónica Diária”. Actualmente, mantém uma crónica no Portal Bombeiros.pt, no espaço “A visão do Bombeiro”, e tem colaborado com alguma irregularidade com o jornal Notícias de Gouveia, com um espaço intitulado “Conto em 552 palavras” dedicado à microficção.




sexta-feira, agosto 14, 2015

25 de Agosto em Pinhel: "História Breve de Pinhel em Um Acto"


A convite do Município de Pinhel, o Teatro do Imaginário prepara-se para apresentar a “História Breve de Pinhel em Um Acto”, peça que tem estreia marcada para dia 25 de agosto, Dia da Cidade, pelas 10.00h, junto à Casa Grande (antigo edifício da Câmara Municipal de Pinhel).

A "História Breve de Pinhel em Um Acto" é uma emocionante viagem teatral por alguns dos momentos mais marcantes da história de Pinhel, desde a presença árabe até à proclamação da República.
Escrita e encenada por Daniel António Neto Rocha para o Teatro do Imaginário (Manigoto | Pinhel), esta peça apoia-se na história e nas estórias locais para fazer uma visita inovadora a Pinhel e às suas gentes, convocando personagens lendárias e reais, e até figuras da ficção camiliana.

E no elenco, temos:

Moura – Suzete Marques
Cruzado – César Prata
Povoadores – Daniel Ferreira, Raquel Castelo e Matilde Marques
Frades – José Martins Ferreira, Bernardo Bernardino e Diogo Bernardino
Rei D. Dinis – José Francisco Santos
Populares – Maria Gonçalves, Armanda Morgado, Raquel Castelo, Matilde Marques, Sofia Paulino
Homem – Daniel Rocha
Diabretes – Margarida Morgado, João Marques, Eduardo Silva, Maria Luísa Mesquita, Salomé Simões Monteiro
Coutinhos – Daniel Ferreira, Bernardo Bernardino e Diogo Bernardino
Rei D. João II – Daniel Rocha
Rui de Nelas – José Martins Ferreira
D. Eugénia – Ana Mesquita
Brásia – Fernanda Fernandes
Rei D. Luís I – Daniel Rocha
Rei D. Carlos I – José Francisco Santos

quarta-feira, maio 06, 2015

"Lírios Cortados", de Lucebert

Lírios Cortados

Oito poemas de Lucebert

Tradução: Jos van den Hoogen

Revisão: Daniel Rocha e Arie Pos

28 páginas

Edição com tiragem limitada a 50 exemplares

Preço com envio por correio: 5 euros

(enviar email para: silenciosasdiscussoes@gmail.com , indicando no assunto LUCEBERT)

sábado, abril 25, 2015

Amanhã, dia 26, vou estar na Feira do Livro de Vila Nova de Tazem



Amanhã, às 16h, vou estar na Feira do Livro de Vila Nova de Tazem para falar um pouco dos meus livros, mas com uma especial atenção a estes dois: "Tenho uma pedra na cabeça" e "A Casa da Memória". O primeiro o último de poesia e o segundo de teatro.
As actividades decorrerão no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Tazem, uma vez que a chuva e o mau tempo vieram para ficar por uns dias.
As actividades da Feira começam às 10 horas e terminam às 19 horas.
Vão até lá!

domingo, abril 19, 2015

Tertúlia sobre os autores Vergílio Ferreira, Augusto Gil e Daniel Rocha




 


Um momento muito interessante e que pode ser um bom ponto de entrada para a curiosidade em ler qualquer um dos escritores. Eu sei que vai ser uma óptima conversa!


No âmbito do projeto A Terra da Escrita, convidamos a comunidade educativa a estar presente na atividade: Tertúlia sobre os autores Vergílio Ferreira, Augusto Gil e Daniel Rocha, que resultou da articulação entre o Agrupamento de Escolas da Sé, Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e Câmara Municipal da Guarda. (Fonte: Agrupamento de Escolas da Sé, Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e Câmara Municipal da Guarda)

quarta-feira, abril 15, 2015

Sarau Cultural e Literário do Instituto de Gouveia - Escola Profissional






Acontece já na próxima semana o Sarau Cultural e Literário do Instituto de Gouveia - Escola Profissional. Completamente dinamizado por alunos, com o apoio dos seus professores - entre os quais eu -, este será um exercício artístico (com teatro, dança, poesia, música, multimédia e outras surpresas) e cultural que abordará o papel da mulher na sociedade. Brechtiano q.b., será um olhar diferente para as possibilidades de a sociedade pensar a própria sociedade. Para culminar, conta ainda com a participação especial de Fernando Alvim. Uma forma diferente de pensar Abril e as suas lições.
24 de Abril em Gouveia!

segunda-feira, março 30, 2015

Março sem tempo

São muitas e muitas e muitas as causas para o quase apagamento deste blogue durante o mês de Março. Não, não há qualquer problema a não ser a sobrecarga de afazeres que por vezes aparece. Abril também promete ser assim, mas vou tentar estar mais presente. Abraço!

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Apresentação de dia 12 de "Tenho uma pedra na cabeça" na Guarda


Sou, penso eu, um afortunado por ter poucos mas bons amigos. E isso faz a diferença para quem, como eu, avança a passos largos acompanhado bem de perto pela velhice eterna. Mas... olvidemos a questão temporal.
Na passada 5.ª feira, dia 12, aproveitei o facto de ter de estar na Guarda para efectuar a apresentação do livro "Tenho uma pedra na cabeça", a minha mais recente edição. E, sabendo que era uma semana difícil para os que gostam de cultura e de poesia (muitos estiveram em ensaios para o "Galo do Entrudo"), avancei na pretensão com a consciência de quem sabe o que o espera. Não fiquei defraudado! A sala estava repleta de interesse, condensado em poucos mas bons ouvintes. Gostei de os ter por lá!
De seguida, o José Monteiro fez uma apresentação (que publicarei no final deste texto) muito boa e, como disse então, ensinou-me muitas coisas sobre a minha escrita. O professor António José Dias de Almeida e o Jos van den Hoogen leram, maravilhosamente, alguns poemas. No caso do Jos, foram apresentados dois dos poemas que ele traduziu e que vão integrar a "Bloemlezing 7+7+1" (perdoe-me Jos se não for assim), uma antologia bilingue - português e holandês - que terá uma tiragem limitada de 33 exemplares e terá outras particularidades (no início de Março darei mais informações). Por fim, aproveitei para agradecer a presença de todos os que me acompanharam neste dia e fiz algumas referências ao livro.
Gosto sempre de estar na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e gostei muito de encontrar lá a calmaria literária, mas gostei principalmente de encontrar lá a amizade.




Texto e poema de José Monteiro, ambos apresentados na sessão:


"Não é verdade que só o autor se apaixona pela obra. Também a obra se apaixona pelo seu autor. Na verdade é mesmo por isso que o autor se apaixona por ela."
 ANA HATHERLY

Um livro especialmente de poesia não se deixa apresentar, apresenta-se ele sozinho. É o rosto visível de alguém que investiu nele tudo o que tinha para dar, naquele momento. Outros virão de certeza melhores. Assim acontece neste “Tenho uma pedra” onde da escrita intimista, os poemas saem materializados em palavras que às vezes são pedras. Ora ter uma pedra na cabeça é um acto não-poético. Era!
Este livro de Daniel Rocha vem provar que ser artista é saber pegar na realidade e expô-la, é pegar numa pedra e expandi-la. Fazê-la viver. Torná-la expansiva. Quando comecei a ler o livro veio-me à lembrança o que diz Sophia na sua Arte Poética III:
O artista não é, e nunca foi, um homem isolado que vive no alto duma torre de marfim. O artista, mesmo aquele que mais se coloca à margem da convivência, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e o destino dos outros. Mesmo que o artista escolha o isolamento como melhor condição de trabalho e criação, pelo simples facto de fazer uma obra de rigor, de verdade e de consciência ele irá contribuir para a formação duma consciência comum. Mesmo que fale somente de pedras ou de brisas a obra do artista vem sempre dizer-nos isto: Que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser. (Arte poética III, Sophia)
Ora isto leva-nos às pedras do nosso autor. Ele próprio reconheceu que a pedra que esteve na sua cabeça – não interessa a localização exacta, se foi no lado esquerdo, anterior, posterior ou parietal – esteve Aprisionada num recanto escuro do cérebro, significa e interpreta, ao mesmo tempo que oferece leituras e compreensões. Partindo da sua forma significativa, a pedra entrega-se nas mãos, nos pés, nos olhos, na imaginação ou no objecto de desejo de vários tempos e modos, surgindo nua e desprovida de vida no final da leitura. E afinal aqui está tudo resumido, não seria preciso dizer mais. [Mas como ao outro poeta, também a mim surgiu uma pedra no caminho, com a tarefa mais difícil de vos apresentar essa pedra.]
     A poesia do autor já é nossa conhecida e também o é a sua preocupação com o tratamento a dar à palavra. E se ele nos oferece estes poemas é porque os julgou purgados através de um trabalho “improbus” horaciano e de polimento das palavras como se de pérolas se tratasse. Por isso estamos perante um conjunto de poemas quase perfeitos e com a exacta imperfeição de palavras cumprindo objectivos previamente definidos. Este livro pode ser assim aa sua arte poética.
Na minha leitura da obra saliento três tópicos:

1º Concepção de poeta e de poesia. O poeta é um rio, como refere no poema “Gotas de Pedra”, (17 – Talvez tu não o saibas, mas já fui um rio.) onde se faz a confluência (desaguam) de vários elementos sintetizando o que decorre de uma existência às vezes mineral e em que a pedra o obriga a desviar a efluência dos fluidos intelectuais.
A referida confluência existe no poema “conjugação”: em que o processo de criação vai desde o volitivo do acto, do verbo, passando pela mineralização inadvertida, pelo acto amatório julgado mesmo obsceno (delicado gesto obsceno 31), pela impressão da não existência enquanto ser e pelo desafio final da consciência da sua limitação. (Daí o verso final: Conjugo-te, enfim!) Essa consciência conduz ao grito expresso no título de “antes que a vida passe” que é uma retoma do tema clássico do tempus fugit ou, como se assume explicitamente, do tempus edax rerum (58 Ovídio).
A fluidez do poema converte mesmo a pedra em gotas e voltamos à imagem do rio e da consequente água. E assim se conjuga o concreto da pedra com a fluidez da água (17 o rio fluir rápido, 20 quente fluido, 28 fluidez dos tempos, 35 corrupio fluído) que por sua vez se torna também matéria poética. [Acho que uma das palavras chave da obra é mesmo fluir e seus derivados] Então o poeta assume-se como Narciso *(A água cansada de olhares / ressumava o futuro dos dias / e das gentes.58) e refugia-se na imagem do rio de palavras que brotam do peito, da boca e da cabeça (16) pois “tem mais palavras que a própria língua … no ritmo que lhe aprouver”*(17) Afinal o poeta, se não utilizar correctamente as palavras, pode matar / talvez de silêncio / as sílabas de liberdade / e as rimas ricas / dos versos. (44)
Ficamos também a saber que o que move o poeta afinal é Eros que alimenta Apolo e o faz suar de prazer (59), ou seja, a poesia tem consequentemente um carácter lúdico, prazeroso (comboio de corda) e Apolo fascina-se / pela petrificada figura. … A pedra excita Apolo / e Eros viola o seu / arco (60). Mas esta afirmação semeia dúvidas como estas: Apolo, o deus protector das Musas (na Grécia), submete-se a Eros? Ou é Apolo, deus do sol, que se deixa sombrear por Eros? Ou o poema necessita haurir de Eros apenas a excitação, o despertar para a realidade que a pedra significa?
Mas a imagem mais significativa nesta concepção de poeta é a do poema onde o escultor surge. Nada mais adequado do que o escultor, qual estatuário, qual artista, converter a simples pedra inerte numa obra de aperfeiçoamento em que haja vida. Os últimos versos são para mim a síntese perfeita de poeta e poesia. *(37/8)

2º A pedra como matéria poética. – O tema da pedra não é novo na poesia. Vem-nos imediatamente à memória o poema de Carlos Drummond de Andrade (No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho), talvez o poema mais conhecido da temática. Mas o que significa e interpreta esta pedra? Para o autor a pedra reveste várias espécies: a casinal (36, 47), a mística ou sagrada (pedra ara sacra 35), a mítica, a histórica, a lendária, a imaginária, a real, … *(66). Vou deter-me apenas nas duas primeiras.
A casinal joga ao destino com as palavras e obedece à predestinação com que os deuses jogam com os humanos. Não é por acaso que aparece no poema “Sísifo”, esse castigado exemplar, servindo aos humanos de lição empurrando indefinidamente a pedra por ter ousado infringir as regras dos deuses e ter voltado do Hades. É esta pedra representante do desafio que o poema constitui ou deve constituir em relação à ordem estabelecida? O poema “Matar” significa isso mesmo, a revolta contra o que está mal na sociedade. Ou significa a ousadia do aprisionamento de Tanatos (deus da morte) conseguindo a imortalidade através das palavras?
A mística ou sagrada, liga-se à presença implícita, facilmente adivinhada, da pedra angular bíblica que os construtores rejeitaram. A pedra / palavra será motivo poético se tiver esse carácter de segregação, separação do que é profano, do vulgo. Nessa altura ganhará vida e tornar-se-á representativa do verdadeiro valor do poema: missionar. E não é a única presença do sagrado pois pelo menos em dois poemas há referência ao leite e mel (54, 57) elementos messiânicos da ansiada terra prometida. Não já do desejo judaico no domínio dessa utopia, mas na possibilidade da nascitura pedra que se expande desfazendo o tiro natural da biologia.(25). A eterna ânsia de quebrar as leis da vida e conseguir assim a imortalidade.

3º As influências. Um bom escritor nunca deixa de revelar as influências recebidas das suas leituras quer em termos de poética quer em termos de educação. Ora neste livro há nitidamente várias fontes onde o autor bebeu.
Quanto a autores / poetas nota-se a presença silenciosa de Manuel António Pina nas temáticas abordadas e mesmo nas formas utilizadas. O já referido Carlos Drummond de Andrade (20). A loucura insistente de um Álvaro de Campos (64). Ovídio e as suas Metamorfoses na expressão referida acima “edax rerum (58). Ricardo Reis surge-nos inevitavelmente quando abrimos a página no poema “Os novos jogadores de xadrez”. Há também uns aromas de Sophia no poema “Minotauro”.
Quanto à educação escolar e universitária é por de mais evidente. Não apenas nos títulos dos poemas, mas no seu conteúdo. As figuras mitológicas carregadas de diversos e ricos simbolismos: Sísifo, Hefesto, Eros, Minotauro, Apolo … e de inspiração explicitamente bíblica: David e Golias.

Em síntese, tudo pode terminar na cabeça onde a pedra devia morar. Quem diz cabeça, diz sótão. Quem diz pedra, diz livro. Este teme apenas o frio da ausência de leitura, de leitores. Por isso há que fugir do sótão onde mora o frio da solidão literária. Caso contrário pode acontecer o que diz a poetisa brasileira Adélia Prado: “Deus de vez em quando me tira a poesia e eu olho pedras e vejo pedras mesmo...”







“Tenho uma pedra”

O homem ser esquisito
pensa e escreve
Como quem respira o ar quente da noite
Onde as gotas de pedra fazem eco na solidão dos pensamentos.

No sótão, lugar frio onde os livros
são pedras que se expandem
 e fogem ao tiro natural da Biologia
provoca-se o sangramento das palavras
e restam as impressões da tarde.

Mas da conjugação dos astros – leia-se influências -
quando o homem chora
antes que seja tarde
surge o escultor, estatuário de pedras feitas ideias.

O poeta, escultor de frases manufacturadas,
grita que é proibido não proibir
e que é preciso matar a opressão das palavras.

Os novos jogadores de xadrez substituem palavras por pedras
e, qual Sísifo, enfrentam o destino
na luta desigual de David e Golias.

Presos no labirinto, dominam o Minotauro
embora o Narciso interior os faça caminhar
para o domínio de um Eros construtor de imagens
e de sensações persistentes como um formigueiro
em que as ideias são emanadas pelo pó das pedras.

Ou, então – é o poeta quem o diz - nada disto!





Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
‘E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.’



Manuel António Pina, Poesia, saudade da prosa.

(Todas as fotos são da autoria do Arménio Bernardo)